Zi de Paris: as greves francesas |
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Escrito por Rosiane Dantas
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25-Abr-2009 |
As greves, de tão comuns e frequentes na França, já viraram o que popularmente chamam de carne de vaca. Toda semana há alguém em algum ponto da cidade "manifestando-se" contra algo. Um protesto recente acabou com 150 pessoas na cadeia: 500 manifestantes da etnia tamil do Sri Lanka saíram às ruas para denunciar a intervenção do exército cingalês contra os rebeldes tamis. Algumas manifestações talvez sejam justificáveis, mas costumo dizer que se não há baguete tradição às 8 da manhã em uma padaria da cidade, o francês vai à rua para protestar.
O ponto crucial é que as greves e manifestações ganharam uma dimensão muito maior e mais trágica recentemente. Com a onda de desemprego que invadiu a França, o fechamento de fábricas e as demissões em massa, os funcionários de várias e diversas empresas decidiram sequestrar os dirigentes de empresas como moeda de negociação. E essa é a nova moda na França.
Empresas famosas como Caterpillar, Sony e 3M, além de outras menos conhecidas como a indústria química alemã Celanese, a britânica Scapa e a americana Molex - as duas últimas fabricantes de autopeças para o setor automotivo - já viveram a experiência. Os diretores de algumas plantas, e até os presidentes dessas empresas, ficaram trancafiados nos próprios escritórios durante 24, 48 horas... O presidente francês Nicolas Sarkozy, em cólera, diz-se indignado e promete punir os funcionários que adotarem essa prática. Como resultado, algumas empresas cederam e foram mais generosas nos benefícios do pacote de demissão voluntária e nas indenizações.
Um fato curioso: os sequestros até hoje só atingiram dirigentes de empresas multinacionais. Usando um certo distanciamento crítico, me pergunto se os franceses fariam o mesmo contra as empresas francesas. Considerando que o francês é muito nacionalista, a dúvida faz todo o sentido.
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Atualizado em ( 25-Abr-2009 )
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