Os jurados da recente edição do Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) escolheram Marina de la Riva como a cantora revelação feminina do ano de 2007. Boa escolha. A garota tem uma voz gostosa de se ouvir e um bom gosto impar em escolher repertório. A prova disso é o disco de estréia que leva o seu nome.
Marina de la Riva, como ela se autodefine, é "brasileira, filha de mãe brasileira, de Minas Gerais, e pai cubano, de la Habana. Entre outras coisas, sou fruto destas influências". Assim, Brasil e Cuba se encontram nesse CD, que abre mesclando "Tin tin Deo", de Chano Pozo, com o verso "Ela só quer só pensa em namorar" de "Xote das meninas", de Zé Dantas e Luiz Gonzaga. O resultado é agradável, demonstrando uma boa cadência.
No disco, mais adiante, encontramos incursões pelas praias de mitos como Carmen Miranda e Bola de Nieve, traduzidas nas faixas "Ta-hí!" e "Drume negrita". Destaque para a segunda, uma canção de ninar na qual ela embala os ouvintes só com sua voz e um piano.
Nesse primeiro CD de Marina de la Riva também há Chico Buarque, que dá um aval implícito, participando de "Ojos malignos", um belo samba cantado em espanhol. Há outras belezas que merecem registro: "Mariposa", do grande mestre Ernesto Lecuona (1896-1963), um dos maiores pianistas cubanos, que ainda marca presença nas composições de "La mulata chancletera" e "Tengo un nuevo amor". Da parte brasileira deve-se registrar o samba de roda "Sonho meu" e o baião "Adeus, Maria Fulô".
Algumas faixas mais, o disco encerra com uma canção de um digno representante da Nueva Trova Cubana: Silvio Rodríguez. O talento do compositor fica plasmado em "Te amaré y después". Nessa música a interpretação de Marina nos faz lembrar, ao fundo, algo como um antigo samba-canção, daqueles bem doídos até a pontinha do cotovelo.
Em síntese: se você ainda não ouviu Marina de la Riva, ouça. Descubra porque a APCA a escolheu como a nova revelação feminina da música popular brasileira.
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