Vai aqui uma história politicamente incorreta que aconteceu comigo (têm testemunhas) no leito do 1001, que partiu às 23h40, na quarta à noite, do Rio para São Paulo.

Por conta da minha história, meio cigana, viajei muito pelo Brasil de ônibus, o que me levou a desenvolver preferências que, com o passar do tempo, viraram manias, fobias. Uma delas é só viajar no corredor e isso também se estendeu para o avião. Vou no corredor porque me sinto livre e - como normalmente embarco encharcado - levanto na hora que quiser para ir banheiro.

Nessa viagem o carro era leito, com suas três fileiras, sendo uma individual e outra dupla. Óbvio que comprei a minha individual, porque tem vantagens como: é corredor, é janela e você não tem que dividir o seu lado com ninguém.

Pouco tempo depois da Serra das Araras, o ônibus para e sou acordado pelo motorista que me diz: "Tem um carro da Viação 1001 que deu o prego e preciso socorrer um deficiente visual, um ceguinho". Meio dormido, pulo para o lado e então... Vocês já viram um ceguinho de 1 metro e 95 e 200 quilos? Pois é, o homem era um tipo russo, gigante, que nunca teve problemas de bullying na infância com a cegueira, pois estou certo que, desde cedo, era chamado de MONTANHA. Volto a dormir.

Quando acordo, nesse momento, me dou conta que estou na janela preso pela tal MONTANHA, concomitante ao ronco do ceguinho que imediatamente adormeceu. Minha bexiga aperta, puro psicológico, of course. Por outro lado, meu lado bonzinho se culpa e me impede de acordar o "ceguinho", então passo mais uma hora de merda de viagem até a parada onde desci, mijei e voltei para poltrona do "botafoguense" e segui a viagem de semi-leito pelo preço do leito.

Há coisas que só acontecem com o...