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Onda Latina

quarta
24.Abr 2024
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Santa Luzia e o meu Atari PDF Imprimir E-mail
Escrito por Jamil Alves   
15-Out-2014
santa_luzia_por_lorenzo_lotto.jpgO dia 13 de dezembro é o Dia de Santa Luzia. O nome dela deriva do latim, significa "portadora da luz". Nascida no século III, conta-se que antes de sua morte lhe arrancaram os olhos Por isso, é a santa conhecida como a protetora dos olhos.

Lá em casa, não costumávamos contar santas ou santos, nem anjos nem nada. Éramos "católicos para fins estatísticos". Não tínhamosquase nenhuma formação religiosa. No colégio, educação totalmente laica. Nada de aula de educação religiosa. Minha mãe sempre fazia me dispensarem.

 

Às vezes, passava uma procissão na minha rua. Eu olhava meio maravilhado para aquelas pessoas, aquelas imagens. Ficava pensando como é que eram capazes de tanto sacrifício e se tanto sacrifício valia realmente a pena.

Outras vezes vinha o Carnaval. Ah, o Carnaval, a festa pagã... Eu ouvia esse adjetivo sem saber do que estavam falando. "Pagão" parecia para mim uma palavra como "devedor", alguém que tem algo a pagar. Nunca entendi bem e acho que ainda não entendo.

Do que eu gostava mesmo era de videogame. Nunca poderei me esquecer do meu Atari, pago em inúmeras prestações. Comprava cartuchos vendendo as galinhas do quintal ou olhando carros em dia de finados.

Foram tantos jogos clássicos: Pitfall, Enduro, Keystone Kapers, Missile Comand, Seaquest. Anglicismos a dar com pau, todos sempre abrasileirados na pronúncia da molecada da vizinhança.

Dei essa volta toda para dizer que me lembrei de Santa Luzia e do meu Atari outro dia, no mesmo momento, no meio de uma aula. Entre um pretérito de Cervantes ali e outro de García Márquez acolá, de repente notei que ninguém estava prestando atenção. Todo mundo com a cabeça baixa, digitando no celular ou vendo alguma outra coisa na telinha diminuta. Completamente hipnotizados pelo aparelhinho demoníaco.

E onde entra o Atari nisso? Na minha lembrança de que fui uma criança que cresci junto com a tecnologia. A minha geração a aperfeiçoou e a tornou mais eficiente. Eu curti o Atari e tudo o que veio depois dele, mas saberia me virar muito bem no mundo se essas coisas deixassem de existir de uma hora para a outra.

A geração depois da minha, a talzinha da Y, já nasceu com a tecnologia estabelecida e popularizada. E não foram eles que inventaram as tais das selfies? Quanta foto sem braço, quanta autossuficiência, quanta Vênus de Milo dando sopa por aí!

Normal seria pensar que esses Ys autocentrados são seres geniais, já que nasceram nesse mundo tão maravilhoso de possibilidades. Não sei. O que vejo é gente hipnotizada apertando botões.

Outro dia fiquei observando um rapaz aqui na rua de casa. Ele tinha cara de doido, falava sozinho. Uma moça o parou para pedir uma informação e ele reagiu como se sua nave com destino a Marte tivesse sido interceptada por alienígenas coléricos. Não xingou a moça, mas se mostrou muito hostil com a interrupção da desconhecida.

Continuei prestando atenção no cara e ele realmente parecia meio pancada das ideias. Descobri que estava alheio ao mundo por causa de um walkman (ou um iPod, sei lá). Só sei que estava atônito, aloucado. Igualzinho ao pessoal da aula dos pretéritos.

E Santa Luzia, onde entra nisso tudo o que estou dizendo? Com tanto zumbi andando por aí, hipnotizados por aparelhos diminutos, certamente terão sérios problemas de visão no futuro. De visão e outros piores. Mas deixemos só os de visão para Santa Luzia cuidar: "Santa Luzia, abençoe esses olhinhos".

Ilustração: Santa Luzia por Lorenzo Lotto

 
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