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Onda Latina

quinta
18.Abr 2024
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Dos oitenta para os dois mil PDF Imprimir E-mail
Escrito por Jamil Alves   
07-Jan-2015

anos_90.jpgNão posso dizer que gostei nem que gosto da cultura dos anos noventa simplesmente porque, em minha opinião, eles não existiram. É uma tese meio estapafúrdia, que só costumo defender para os amigos mais chegados, pois sei que a possibilidade de aceitação é pequena.

Quero dizer com isso que tudo o que foi vivido até 1995 ainda tinha "cara de anos oitenta", não tínhamos conseguido ainda abandonar por completo a década anterior. E, de 1995 para frente, já estávamos nos anos 2000, mas ainda não sabíamos.

É bem verdade que parece uma tese ousada e até mesmo antipática, mas há motivos racionais que me levam a pensar na inexistência cultural dos anos noventa. Eis alguns motivos que me levam a tal conclusão.

Até 1994 ou 1995, as roupas ainda eram bufantes. As calças, principalmente as femininas, continuavam com as cinturas bem altas, muito acima do umbigo. As cores indiscretas já não reinavam absolutas, mas ainda prevaleciam. Rosa choque, amarelo limão, laranja. As ombreiras começavam a se despedir das roupas de tecidos mais leves, no entanto sobreviveram um bom tempo nos casacos.

Na cultura de massa, as loiras rebolantes dos programas infantis sobreviveram à transição de décadas e ainda tiveram certo vigor pelo menos nos três primeiros anos da década de noventa. Depois foram perdendo força, porém sobreviveram bem para lá da segunda metade da década.

No telejornalismo e nas novelas, não se notava diferença substancial que caracterizasse algo como "dos anos oitenta" ou "dos anos noventa". O Dono do Mundo, de Gilberto Braga, que terminou em 1992, tinha uma linguagem muito parecida com a de Vale Tudo, de 1988.

Na música, as mesmas bandas e cantores dos anos oitenta continuaram a fazer sucesso na entrada e no decorrer dos anos noventa. Bandas com letras politizadas, que falavam do coletivo, que tratavam de representar uma geração, mantiveram seu vigor ainda na primeira metade dos anos noventa. Exemplos são Legião Urbana, Ira! e Titãs.

Outra turma começou a ganhar fama e prestígio na segunda metade dos anos noventa (que já tinham cara de anos dois mil), com letras mais representativas do pensamento mais individualista que começou a vigorar de lá para cá. Skank, Cidade Negra, Charlie Brown Jr. e muitas outras de vida mais efêmera.

A década perdida na economia foi além dos limites de dez anos. A economia continuou perdida pelo menos até 1994, com o Plano Real. Até então, a inflação exorbitante dos anos oitenta continuava a assolar o país. Em 1990, grande crise com o congelamento da poupança dos brasileiros e, em 1992, a promessa da política brasileira das eleições de 1989, Fernando Collor de Melo, sofreu um processo de impeachment, inédito na história brasileira.

O sucessor de Collor, o pouco expressivo Itamar Franco, não conseguiu tirar o Brasil da década anterior com sua economia perdida. Somente em 1994, com a instauração de uma nova moeda, o real, o país começou a deixar os anos oitenta para trás e delinear algo diferente no horizonte. E, até que os brasileiros nos acostumássemos à nova situação econômica, já era 1995, pelo menos.

Outro fato preponderante para definir a década de noventa como inexistente é a tecnologia. Na primeira metade da década, ainda vivíamos com a mesma tecnologia dos anos oitenta. Telefonia rudimentar, espera de anos para conseguir uma linha telefônica.

De uma forma geral, a telefonia brasileira foi privatizada quase que totalmente na segunda metade dos anos noventa, e foi essa privatização, que baniu a demora das instalações, a morosidade e a carestia absurdas de todo o sistema, que possibilitou a expansão da internet na segunda metade dos anos noventa (algo mais anos dois mil que a internet?).

Para tirar a prova dos nove, é possível fazer um exercício simples: compare a década em suas duas pontas, 1991 e 1999.  O que havia em 1991 que ainda não fosse conhecido nos anos oitenta? O que havia em 1999 que não teve continuação na década ou no século seguinte? Por último, aqueles que tinham mais de 15 anos quando os anos noventa começaram devem pensar nas diferenças abissais que separam o mundo de 1991 do de 1999 porque, na verdade, tivemos duas décadas de quinze anos: a de oitenta e a dos anos 2000.

A primeira metade dos anos noventa, continuação dos oitenta, ainda traziam um mundo conhecido, rudimentar e até encantador, o mundo da geração Coca-Cola. A segunda metade trouxe precocemente os anos dois mil para as nossas vidas, e instalou-se um mundo novo, tecnológico, inóspito e irreconhecível para muitos. O nascer antecipado dos anos dois mil e, claro, do século XXI, apesar de toda a tecnologia para nos comunicarmos mais e melhor, pôs em funcionamento uma postura geral de dane-se você e de cada um na sua.

 
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