Será mesmo o fim da História? |
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Escrito por Antônio Camborio
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25-Fev-2015 |
No nono verso do terceiro canto do Inferno da Divina Comédia de Dante lê-se: Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate. "Deixai todas as esperanças, vós que aqui entrais". O documento do governo grego recém-eleito que foi submetido a Troika, dizem, é uma capitulação. As promessas de campanha não serão cumpridas porque a Realpolitik impede que seja executada a ruptura com o modelo em vigor. Na prática, quer dizer que não há saída para a política de austeridade, pelo simples motivo de que todo o sistema político-social está atrelado de maneira indissolúvel e dependente ao mercado de capitais.
Sem dúvida, o efeito é devastador não apenas para o povo grego, que nutriu alguma esperança de mudança para melhor nos últimos tempos, mas para todos os outros países afetados pela crise: ou seja, praticamente todo o planeta. A sensação é de que não há saída e que a democracia foi atingida em seu fundamento mais inegociável: o direito de escolher e de decidir livremente. Continuaremos impotentes, sem horizonte, sem grandes transformações, com a impressão de que a história terminou, sem fim. Resta-nos apenas gritar, espernear e aguentar a bronca como os condenados no Inferno de Dante.
Ilustração: reprodução de Nono Circulo - Lago Cocite (Traição) de Gustave Doré.
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Atualizado em ( 25-Fev-2015 )
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