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Onda Latina

quinta
25.Abr 2024
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A mais brasileira das brasileiras PDF Imprimir E-mail
Escrito por Jamil Alves   
03-Jun-2015
baiana_-_franklin_valverde.jpgJá faz algum tempo que me pego pensando no que é ser brasileiro, em brasilidade, e se há algo ou alguém tipicamente brasileiro. Pensei até na Chiquita Bacana da marchinha, mas logo lembrei que, mesmo vestida de carnaval brasileiro com uma casca de banana nanica, ela é da Martinica.

Minha reflexão ganhou mais força depois que o sociólogo Manuel Castells pôs a perder a ideia de que nós brasileiros somos simpáticos. Para mim, nenhuma surpresa. Numa terra em que corrupção e violência social reinam praticamente impunes, “salve, salve, simpatia” é pura balela. Mas às vezes é bom e necessário que um estrangeiro nos ponha o dedo na ferida. Não dizem que quem vê de fora vê melhor?

 

Me pus a pensar que fenômenos sociais, políticos e econômicos, por sua complexidade, podem ser caminhos muito difíceis para caracterizar um povo ou uma nação. Preferi então achar algo no nosso cardápio que me permitisse dizer “ah, isto aqui é tipicamente brasileiro, isto nos define, isto nos caracteriza”: jaca, maxixe, chuchu, feijoada. Quindim, brigadeiro, olho de sogra e cajuzinho.

De jaca, não posso sentir nem o cheiro, e conheço muita gente que não aprecia essa fruta. O maxixe, com seus pequenos espinhos moles, além de muito mais popular nas regiões Norte e Nordeste que nas outras três, tem origem africana. O chuchu, tão insosso, não seria um bom representante para a nação. Com tanta coisa saborosa por aí, colocar um chuchu como representante nacional seria injusto. Além disso, há chuchus – com outras caras e nomes, mas ainda chuchus – também em alguns países vizinhos. Resultado: chuchu reprovado na prova de brasilidade.

A feijoada seria uma excelente candidata ao posto de a mais brasileira das brasileiras, mas culinária é caminho que cada um pisa de um jeito, e só o cheiro do feijão me dá engulhos. Eu, que me considero tão brasileiro, não poderia colocar um prato que detesto como representante do meu país. Se existisse um país fundado por mim, eu diria um retumbante No way, José para o feijão.

Quindim, brigadeiro, olho de sogra e cajuzinho, meus grandes amores. Porém há quem odeie coco e ovo, os dois ingredientes básicos do quindim. Também há opositores para a ameixa do olho de sogra e para o amendoim do cajuzinho. Assim, nenhum deles tampouco passaria no “teste de brasilidade” que eu inventei.

Quanto ao brigadeiro, diz a história que é um docinho totalmente brasileiro, que ganhou esse nome nas eleições de 1945. O brigadeiro Eduardo Gomes, candidato à presidência, tinha um slogan: “vote no brigadeiro, que é bonito e solteiro”.No intuito de angariar fundos para a campanha, suas correligionárias começaram a fazer guloseimas e, entre elas, estava uma bolinha feita de leite condensado e achocolatado. Foi assim que esse doce delicioso ganhou o nome de “doce do brigadeiro”.

No entanto, como todo mundo sabe, brigadeiro é feito de chocolate. E este, por sua vez, atualmente pode ser considerado “universal”, hoje em dia representa muito mais a Suíça que qualquer outro país.

Saí dos pratos e dos docinhos e comecei a pensar em pessoas que pudessem representar nossa brasilidade. Me vieram à mente muitos nomes, lhes dei muitos atributos, me vi fazendo interessantes viagens no tempo e na memória.

O primeiro deles foi o da carioca Cecília Meireles e o legado de palavras belas e sensações intensas que nos deixou. Depois, pensei em Carmen Miranda, portuguesa de nascimento e brasileira de trejeitos e balangandãs. A vi em vários filmes e a relembrei também assistindo a alguns documentários.

Leila Diniz também visitou meus pensamentos. “Toda mulher quer ser amada. Toda mulher quer ser feliz. Toda mulher se faz de doida. Toda mulher é meio Leila Diniz”, canta Rita Lee sobre Leila. Símbolo da liberdade feminina, Leila nos deixou muitos exemplos bons em sua curta existência.

Pensei depois na namoradinha do Brasil, no sorriso encantador e no talento de Regina Duarte. O som estridente das vozes da Viúva Porcina e da sucateira paulistana Maria do Carmo ainda ecoa na memória de várias gerações, e a quem não conheceu essas e outras tantas personagens da atriz, proponho uma pesquisa; lhes garanto que vale a pena.

Abandonei a ideia de encontrar brasilidade nas mulheres reais: Cecília, Carmen, Leila e Regina são grandes demais, não cabem circunscritas apenas a nossas fronteiras. São, antes de brasileiras, mundiais. Me ocorreram, então, os lindos olhos de cigana oblíqua e dissimulada de Capitu, possivelmente o melhor presente que Machado de Assis nos deu. Mas nem toda brasileira é cigana, nem oblíqua e nem, muito menos, dissimulada.

Fiquei embatucado por fazer tantas pesquisas e divagações sem alcançar o meu real intuito, o de encontrar e reconhecer em algo ou em alguém a brasilidade pura e absoluta. Reli meu texto, o achei chato, quase o apaguei. Mas quem diria que não seria outro senão ele, o corretor ortográfico do word, que me mostraria a resposta que eu tanto buscava?  

“Me pus a pensar, me vieram à mente muitos nomes, lhes dei muitos atributos, me vi fazendo interessantes viagens no tempo, a vi em vários filmes e a relembrei também assistindo a alguns documentários, lhes garanto que vale a pena, me ocorreram, então, os lindos olhos de cigana oblíqua e dissimulada de Capitu, o achei chato”. E eu, assim como o bom branco e o bom negro, da nação brasileira, do poema de Oswald de Andrade, esqueci completamente as pedantes mesóclises e as malsonantes ênclises. Encontrei a brasileira típica, de alma e de coração, da musicalidade do falar anasalado do Brasil-Pindorama: a próclise.

 
Atualizado em ( 03-Jun-2015 )
 
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