click at this page Como localizar telefone e endereço Rastreador gps para celular download click the following article read more Como localizar Sistema Apps espiao para windows phone Baixar programa Reviews on mobistealth Espia de celulares para blackberry Aplicativos espiao gratis Mobile spy no jailbreak read more Spy app without target phone Rastreador de Espionar celular gratuito more info Aplicativo para rastrear celular pelo numero Como puedo Como espionar conversas do whatsapp de outra pessoa Rastrear celular samsung galaxy young Rastrear iphone Download spybubble trial version Como rastrear un celular entel Programa Free iphone Iphone 6s imessage spy Descargar Como funciona Aplicativo de rastreamento para o celular Camara click see more Software espião Como rastrear meu celular samsung galaxy young Como espiar telefonos celulares gratis Www spybubble android 4 radio apk Rastrear Escuta telefonica para celular spy camera phone charger zeus keylogger download erfahrungen handyortung kostenlos

Onda Latina

quarta
24.Abr 2024
Início seta Última página seta Crônicas seta Quando o homem morde o cão
Quando o homem morde o cão PDF Imprimir E-mail
Escrito por Jamil Alves   
10-Jun-2015

pet_love_-_franklin_valverde.jpgHá duas semanas, num curso de estilística textual, a professora já foi logo nos primeiros minutos dizendo algo que me deixou intrigado, definindo a relevância e essência noticiosa de um texto da seguinte forma: “Notícia não acontece quando o cão morde o homem, mas sim quando o homem morde o cão”.

Essa definição ficou ecoando em meus pensamentos durante dias. Embora ela tenha usado a definição em sentido figurado e amplo, eu a tomei literalmente e fui em busca de fatos nos quais o homem “mordesse” o cão. Inimaginável a infinidade de coisas que encontrei!

A julgarmos pelas notícias a que somos expostos todos os dias, pais jogando filhos por janelas de edifícios ou filhos arquitetando parricídios, somos levados a concluir que, diferentemente dos outros animais, o homem, em sua dita complexidade, chegou a um estado de total barbárie.

 

Mesmo em relações humanas saudáveis e comuns, sempre se estabelece entre nós humanos uma relação de troca. Só conseguimos amar se recebermos algo em troca e só conseguimos ser amados se dermos algo em troca.

Funciona assim: em casa, sua mãe o ama SE você se comportar bem. E seu pai só o ama SE você tirar notas boas. E seu irmão, SE você emprestar seu carrinho para ele. Na escola, vão amá-lo SE você dividir seu lanche e SE deixar colarem de você. E, no trabalho, só o amarão SE você fizer bem suas tarefas, sem espaço para contemplações nem queixas. No casamento, então, só vão amá-lo SE... – aqui há tantas condições que é melhor nem começar a explicar.

Nas relações sociais, também vivemos crises. Hoje em dia, todo mundo sabe o que é bom, mas ninguém consegue colocá-lo em prática – e a culpa é sempre do outro. Todo mundo quer falar, porém ninguém quer ouvir. Todo mundo acha que sabe tudo, quando na realidade conhece apenas uma parte diminuta da verdade. Exemplo: discutimos a diminuição da maioridade penal, mas só falamos do entorno. Não há dados concretos que indiquem se a criminalidade aumentou de fato nas faixas etárias mais baixas ou não, mas não falta gente com o dedo em riste, cuspindo marimbondos e meias-verdades sobre o assunto.

É bem verdade que uma mudança na legislação poderia amenizar o ar de impunidade que se respira por aqui, mas provavelmente não resolveria o problema da criminalidade – que é, antes de tudo, educacional, social e econômico.

No campo da política, então, chegamos a um ponto em que ninguém passa sem ser tachado: se concordamos com as políticas do governo, somos uns cooptados, influenciáveis, despreparados. Se não concordamos, somos uns elitistas, metidos a besta, esnobes, coxinhas; somos desmerecidos em nossas reivindicações porque alegam que estamos fazendo panelaços em nossas varandas-gourmets. Tudo tão raso e raivoso, que cansaço...

E se as relações humanas cansam tanto, como não apreciarmos, então, o amor incondicional que os animais nos dão? Como não admirarmos sua dignidade, sua firmeza, sua bravura? Como não ficarmos maravilhados ao ver que os animais, ao contrário do homem, só matam ou agridem para saciar sua fome e a de seus filhotes ou caso se sintam ameaçados? Como não gostarmos do cachorro, mesmo que seja o cão que de vez em quando nos morde sem gerar notícia?

Queiramos ou não, a elevação do status dos animais a integrantes da família está aí, basta passear pelos perfis de amigos e parentes nas redes sociais para constatá-la: as fotos do cachorro disputam espaço com as do bebê, declarações de amor aos animais se sucedem em cascata. Muitos vídeos capturam a fofura de cãezinhos e as proezas de bichanos – já viram os gatos franceses cantores, campeões absolutos de audiência? A oferta de produtos e serviços para os bichos de estimação, mais um indício do amor desmedido, aumenta e movimenta rios de dinheiro – e os donos dos pet shops agradecem.

Ao contrário das nossas relações entre humanos, tão cheias de “ses” condicionais, no caso dos nossos animais de estimação a relação é de orações simples, não há subordinação nem coordenação. Eles nos amam, sem “se” nem “mas”, e transformam verbos transitivos em intransitivos: eles amam. Simplesmente amam. E é por esse amor incondicional e intransitivo que eu tenho me empenhado: quero um dia ser tão bom e digno quanto a minha cachorra e os meus gatos pensam que eu sou.

Mais que viver em quintais e dormir farejando o relento como antigamente, os pets de hoje nos servem de preciosos acompanhantes. Muitos dirão que amar tanto os animais pode revelar alguma carência ou distúrbio – e pode mesmo – mas o fato é que gente cansa, e a única coisa que consigo dizer àqueles que não gostam de animais é que quem não é capaz de apreciar a simplicidade de um animal não está preparado para lidar com a complexidade do ser humano.

 

Atualizado em ( 10-Jun-2015 )
 
< Anterior   Seguinte >