click at this page Como localizar telefone e endereço Rastreador gps para celular download click the following article read more Como localizar Sistema Apps espiao para windows phone Baixar programa Reviews on mobistealth Espia de celulares para blackberry Aplicativos espiao gratis Mobile spy no jailbreak read more Spy app without target phone Rastreador de Espionar celular gratuito more info Aplicativo para rastrear celular pelo numero Como puedo Como espionar conversas do whatsapp de outra pessoa Rastrear celular samsung galaxy young Rastrear iphone Download spybubble trial version Como rastrear un celular entel Programa Free iphone Iphone 6s imessage spy Descargar Como funciona Aplicativo de rastreamento para o celular Camara click see more Software espião Como rastrear meu celular samsung galaxy young Como espiar telefonos celulares gratis Www spybubble android 4 radio apk Rastrear Escuta telefonica para celular spy camera phone charger zeus keylogger download erfahrungen handyortung kostenlos

Onda Latina

quinta
28.Mar 2024
Início seta Última página seta Crônicas seta O mistério dos aniversários
O mistério dos aniversários PDF Imprimir E-mail
Escrito por Jamil Alves   
17-Jun-2015
aniversario_do_jamil_-_franklin_valverde.jpgUma das melhores lembranças que eu teria da minha infância é a dos preparativos das minhas festinhas de aniversário. Tudo consistiria numa mesa bem grande com muitos docinhos, salgadinhos e refrigerantes. Em volta dela, muitas crianças, meus amiguinhos da escola, correndo e gritando, suados e eufóricos.

O tema da festinha poderia ser qualquer um. Esse negócio de tema para festa de aniversário de criança é recente. Também poderiam ser feitos uns convitinhos com uns carrinhos desenhados. Sempre adorei carrinhos.

Outra ideia boa seria aproveitar os adereços dos aniversários dos meus primos mais velhos, da casa da frente. Eles sempre tinham festas caprichadas, cheias de comidas, bexigas lindas - cujo barulho do estouro me assustava -, adereços, cores e bagunça, muita bagunça.

Minhas festinhas de aniversário me inspiram, até hoje, lembranças que eu teria da minha infância caso elas tivessem, alguma vez, acontecido. Não restaram recordações porque o que nunca aconteceu não pode deixar marcas na memória.

A falta de dinheiro e a desatenção dos adultos a minha volta me tiraram para sempre a experiência das festinhas que eu poderia ter tido com bolo, brigadeiro, língua de sogra e chapeuzinho cônico. Tive festas de aniversário depois de adulto, mas elas não têm o mesmo sabor, são outra coisa: os aniversários dos adultos, mesmo que festivos e alegres, têm um tom de cronômetro que corre, de areia da ampulheta que cai, de "corra que a morte vem aí".

Houve outros percalços para atrapalhar os meus sonhos pueris de festinha: nos tempos em que íamos menos à escola mas aprendíamos muito mais, fazer aniversário na segunda metade de junho significava estar de férias, e quase todos os meus amiguinhos viajavam. Aquele calendário escolar com menos de duzentos dias letivos sabotava minha popularidade!

Por outro lado, acabei de dizer uma mentirinha, já que nunca fui uma figura muito popular. Tinha disciplina nas horas certas e facilidade para aprender, um tipo de aluno para quem o professor não ligava: ele que se preocupasse com os burrinhos e com os bagunceiros, não comigo!

Eu, embora argumentasse com certa vivacidade nos momentos adequados, conservava um ar um tanto taciturno para um menino - já era capaz de identificar um idiota quando me via diante de um: aprendi com meus primos.

Esses, então, meus primos, mereciam uma narrativa à parte, um texto exclusivo, só para eles. Inumeráveis e indeléveis os momentos que passei ao lado daquelas duas criaturas. O caçula, quatro anos mais velho que eu, era cruel e cometia maldades com um modus operandi repetitivo do qual minha inocente meninice não conseguia escapar:

- Quer refrigerante?

- Quero!

- Então, vá comprar!

E a cena terminava, invariavelmente, com o pequeno demônio despejando no bueiro o conteúdo da latinha, soltando arrotos viscerais diante de mim e dos meus olhos marejados.

Mesmo assim, mesmo querendo ter lembranças que não tenho e tendo lembranças que não quero, gosto dos aniversários, gosto do marcar das datas. Gosto de fazer aniversário e de quando pessoas queridas aniversariam. O aniversário é uma data para celebrar, um momento único em que os ponteiros do relógio correm num tempo diferente.

Esse ritmo diferente do tempo só vale, no entanto, para o dia exato do aniversário. Nos outros 364, as horas, os dias, as semanas e os meses vão passar voando. Sem nos darmos conta, dormimos num tempo de ouvir "você ainda não tem idade para isso" e acordamos noutro de "você não tem mais idade para isso". E a sensação é essa mesmo, a de um simples dormir e acordar.

Quando ainda não tinha idade para isso ou aquilo, tudo o que eu queria era ganhar a chave de casa, poder dormir tarde, beijar como nos filmes, ter barba, bigode e pelos no peito, dirigir carro e me livrar do serviço militar. Agora, na fase do você não tem mais idade para isso, queria mesmo era poder comer lautos pratos sem engordar um grama sequer, amarrar os cordões dos sapatos sem pensar que uma possível barriguinha proeminente talvez consiga, um dia, atrapalhar coisinhas assim tão corriqueiras.

Gosto também, e muito, de ouvir baboseiras generalizantes que nos fazem sentir parte de algum grupo, que nos tornam importantes mesmo na banalidade. Gosto quando astrólogos se põem a explicar que os nascidos em dezessete de junho são assim, são assados, são fritos, que geminianos são isso ou aquilo. Aprecio quando dizem que somos inteligentes, versáteis e sonhadores. Detesto quando afirmam que somos volúveis e fofoqueiros - não fiz quatro anos de Jornalismo para receber essa pecha!

O aniversário é, em resumo, uma data para lembrarmos com especial carinho as pessoas que nos são caras. E as realmente caras são aquelas cujos aniversários sabemos de cor, não são mais que seis ou sete: vinte e dois de janeiro, dezessete de fevereiro, vinte e vinte e um de julho, vinte e oito de outubro, vinte e um de novembro ou outros dias quaisquer. Depende do que vai acontecendo, se vamos pondo ou tirando pessoas especiais da nossa lista - se bem que, se alguém saiu, não era tão especial assim.

Outra forma pela qual podemos encarar os aniversários é pensá-los como aquela data para, acima de tudo, agradecer por estarmos vivos, sãos no corpo e na mente, ou por aquela pessoa especial ter cruzado nosso caminho. Ou, ainda, como um momento de rogar que essa tal pessoa especial permaneça em nossa vida.

Enfim, almejo de fato que a próxima fase venha como uma brisa fresca de fim de outono roçando meu rosto e corando minhas bochechas. O convívio com meu filho Miguel, meu Miguelito, me ensinou que as festinhas que não tive não têm tanta importância assim. As coisas mais doces da vida, como brincar de esconde-esconde ou pega-pega em volta da mesa enfeitada de um aniversário, não custam caro, não valem dinheiro: são construídas apenas com a disponibilidade e o afeto daqueles que nos amam e nos abraçam com sinceridade.

Atualizado em ( 18-Jun-2015 )
 
< Anterior   Seguinte >