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Onda Latina

terça
23.Abr 2024
O salto PDF Imprimir E-mail
Escrito por Jamil Alves   
19-Jul-2015
a_piscina_-_jamil_alves.jpgSão dez horas da manhã. Posso ver o Cristo da janela. O céu da Cidade Maravilhosa está inusitadamente nublado. No clube, umas não sei quantas plataformas de cimento, algumas com bordas vermelhas e outras com verdes. A viga central, de onde saíam as plataformas, paralelas umas às outras, lembrava vagamente uma árvore frondosa.

Do chão até a plataforma mais alta, uns vintes atletas, irregularmente distribuídos, fazem exercícios de aquecimento e exibem seus corpos esguios, com o tronco maior que as pernas - tenho a impressão de que nadadores costumam, após longos anos de treino, ficar com o corpo moldado dessa forma.

O que se buscava naquele evento? Vaga olímpica. A competição no charmoso bairro do Leme, antigo destino final dos bondes e dos cavalos, residencial e aprazível, significava o passaporte para a glória de representar o país na maior festa mundial do esporte. E, desta vez, "em casa".

Os convidados da plateia na arquibancada metálica coberta exibiam alguma elegância: damas com vestidos acetinados, cabelos bem cuidados e maquiagem leve, como pede o calor carioca - e ternos bem cortados, no caso dos homens. Assemelham-se, ainda que longinquamente, às mulheres e aos homens de um Rio de Janeiro de antes - das garbosas corridas de cavalo dos anos vinte e dos cafés na Confeitaria Colombo com sua claraboia a nos lembrar da conexão entre o céu e a terra -, mesmo sem longos chapéus, pesadas anáguas nem flores nas lapelas.

Do outro lado da piscina, numa pequena arquibancada de pedra em forma de degraus, menos formalidade e mais colorido nas roupas e nos acessórios. Ali, quase todos eram familiares dos competidores, esposas ou amigos mais achegados.

No meio desses dois lados opostos, o da arquibancada coberta de elegância e o de pedra, dos espectadores mais informais, a piscina central, espécie de palco, arena, lugar de um tipo curioso de contenda, aquática e exímia em técnica.

Assim, teve início, então, a competição. De baixo, o que se via eram atletas com a musculatura de seus corpos delineada pelas horas fatigantes de exercícios diários. Lá em cima, um por um, cada um a seu turno, mestres dos rodopios, ases das piruetas, deuses dos saltos e dos mergulhos.

Esses atletas nos fazem ter a sensação de que, em maior ou menor grau, todos carregamos um instinto milenar de gloriosas façanhas, de experiências objetivas e quase táteis nas que nós homens demonstramos nossa superioridade sobre as feras, os fenômenos naturais, as leis da física.

O terceiro mergulhador-ginasta-nadador, do alto daqueles tantos metros - um Everest aos olhos do público - surge, concentrado. Joga uma toalha azul-turquesa para a esquerda e se concentra ainda mais. O público o fita e o espera, com os queixos ainda mais elevados, para ver a façanha aeroaquática.

O atleta se põe na ponta dos pés; como um homem-pássaro, abre completamente os braços e salta em direção ao azul profundo da piscina que o aguarda lá embaixo, imóvel e serena.

Ao saltar, os pés para cima e para frente, em consonância e complementariedade com a cabeça para baixo e para trás. Indevidamente, a nuca toca com vigor a borda da plataforma e, da forte pancada, vem o desfalecimento.

Na plateia apreensiva, somos, atônitos e frustrados, a desilusão. Não conseguimos ser, naquele atleta, o homem forte que se apoia neste mundo apenas com um dedo e salta em rodopios. Deixamos de celebrar a capacidade dos altos feitos que sentimos em nós, potencialmente.

O acidente nos põe de volta em nosso devido lugar, seguros e sossegados ao rés do chão, de onde, com nossos modestos rumos e sem estas ordens das vozes do instinto - aquele milenar - de ir e vir pelos ares, nunca deveríamos sair.

Ainda desfalecido, aquele ginasta da água acabou nos deixando a todos, junto com ele, numa altura em que a terra, que é nosso chão e nosso destino, torna-se um aterrorizante abismo. A piscina, antes azul, enrubesceu-se de sangue.

Texto livremente baseado na cena final do capítulo de 27/06/2015 da novela Babilônia, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=WplWmnWDXEs

Atualizado em ( 19-Jul-2015 )
 
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