Urca |
Escrito por Aléxis Damazio | |
25-Ago-2015 | |
Meu pai acredita que a qualquer hora uma pizza vai bem. Na Brigadeiro com a Alameda Santos, pizzaria Urca, apreendi a comer pastrami e aliche com ele. Adoro acompanhar minha mãe na abobrinha (ela precisa de apoio). Restaurante antigo, tradicional. Conheço cada um dos funcionários; eles me viram crescer. Para além das idas em família, Urca me marcou pelas confraternizações que sempre a escolhem como cenário perfeito por sua discrição e história.
A mesa da Urca é como um caminho, um amadurecimento. No deboche da minha infância, disposto a todo o momento a refletir, criticar, contrariar e me revoltar com o presente, pouco sabia como era viver com esta postura inconformada, mas irrestrita às blindagens que a infância nos imprime.
Sentia-me muito bem na Urca, cercado de amigos de meu pai, que bebiam cerveja e conversavam sobre o mundo de forma crítica e consciente. Ali percebi que o inconformismo e o poder crítico são armas de resistência. Eu as usava e meus amigos também. Usá-las de forma consciente consiste num processo longo de amadurecimento. Na adolescência, passei um tempo sem ir aos encontros. As descobertas com os amigos foram importantes. A volta àquela mesa, emocionante. Estava ali um jovem curioso, formado por aquelas conversas que nunca o subestimaram. Desde muito pequeno me colocava no diálogo. Isso me fazia ouvir muito mais do que falar. Porque quando falava, olhavam para mim, prestavam atenção, refletiam e davam corpo ao pensamento. E a vida com meus pais foi mais ou menos assim. Cada jantar era como a Urca reduzida. A mim sempre foi muito mais interessante falar sobre a obra de Kakfa, mesmo antes de ter lido, do que contar como foi mais um dia de escola. Pizzaria Urca: http://www.pizzariaurca.com.br/ |
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