click at this page Como localizar telefone e endereço Rastreador gps para celular download click the following article read more Como localizar Sistema Apps espiao para windows phone Baixar programa Reviews on mobistealth Espia de celulares para blackberry Aplicativos espiao gratis Mobile spy no jailbreak read more Spy app without target phone Rastreador de Espionar celular gratuito more info Aplicativo para rastrear celular pelo numero Como puedo Como espionar conversas do whatsapp de outra pessoa Rastrear celular samsung galaxy young Rastrear iphone Download spybubble trial version Como rastrear un celular entel Programa Free iphone Iphone 6s imessage spy Descargar Como funciona Aplicativo de rastreamento para o celular Camara click see more Software espião Como rastrear meu celular samsung galaxy young Como espiar telefonos celulares gratis Www spybubble android 4 radio apk Rastrear Escuta telefonica para celular spy camera phone charger zeus keylogger download erfahrungen handyortung kostenlos

Onda Latina

sexta
29.Mar 2024
Início
O injustiçado PDF Imprimir E-mail
Escrito por Jamil Alves   
08-Jun-2016
policia_-_jamil_alves.jpg"A Polícia Militar matou um menor de idade suspeito de furtar um carro durante suposto confronto na noite de quinta-feira na Zona Sul de São Paulo"; "Policial militar mata garoto de dez anos em suposto confronto na Vila Andrade, Zona Sul de São Paulo"; "Polícia mata menino de dez anos com tiro por roubo de carro". Esses textos, e outros muito parecidos, povoaram as manchetes dos jornais e dos sites, e as cabeças dos noticiários da televisão na última semana.

Uma vez que estão submetidas a um processo de produção para a satisfação de necessidades sociais, notícias são produtos. E, como tais, precisam ter qualidade. Para tanto, é preciso que tragam os vários lados de uma mesma questão, que brindem o leitor com uma gama ampla de possibilidades de análise, especialmente quanto às questões de importante cunho social.

De todos os pecados que a indústria jornalística pode cometer, o que tem consequências mais graves é a uniformização da agenda de informações, a visão unilateral que alimenta o sectarismo que estamos vivendo. Noticiar dados, fatos e eventos a partir de um único viés falseia a visão que as pessoas têm da realidade e as leva a desenvolver opiniões cada vez mais radicais e extremadas.

Não se pode negar que a imprensa brasileira leva a questão da "imparcialidade" às últimas consequências: leia a Revista X e veja que o Brasil está muito próximo da Suécia; leia a Y e note que o Brasil é praticamente a Etiópia. Bem, imparcialidade é tudo o que não temos, e no caso da morte do garoto de dez anos na Vila Andrade não é diferente: o menor é o mocinho e, o PM, o vilão, e é aqui que começa a minha licença criativa:

"Não me espere para almoçar", disse o policial José da Silva (ou João dos Santos, Manoel de Oliveira, Carlos Gonçalves, Edson Rodrigues, tanto faz) à esposa enquanto terminava de calçar o coturno no pé esquerdo. Passava um pouco das 5 da manhã da madrugada paulistana gelada do dia 2 de junho. Depois de apenas quatro horas de sono, José tinha de ir novamente para o trabalho, teria uma reunião com colegas na delegacia por volta das sete da manhã. Passou pelo pequeno quarto onde dormiam Bianca e Pedrinho, seus filhos de 6 e de 4 anos, deu um beijinho na testa de cada um e foi embora para mais um árduo e estressante dia de trabalho.

Desde que voltou das férias, no último mês de abril, sua escala de trabalho estava bastante puxada.Uma semana depois de ter voltado de férias, ele quis fazer rondas mais perto da Favela do Piolho, queria mudar um pouco de ares, temia ficar muito "manjado" nos arredores de Paraisópolis e do Estádio do Morumbi. Ele suspeitava da presença de grupos de extermínio de policiais, sentia-se espreitado, espiado, vigiado, coibido. Já na primeira terça de maio, começou a patrulhar a nova área.

Como se não bastassem as dificuldades cotidianas abissais e a remuneração baixa, a exoneração de vários colegas de corporação fazia os remanescentes trabalharem ainda mais. Não eram raros os dias em que José da Silva tinha de "dobrar o plantão", como se diz no jargão policial, porque o colega do turno seguinte tinha faltado, saído da polícia ou, ainda pior, morrido em confronto com criminosos.

Até o fim da tarde daquele dia frio e úmido, tudo parecia normal para José. Sua ronda estava sendo tranquila, até o momento em que avistou um veículo desgovernado na avenida. Subiu em sua moto e perseguiu por alguns metros o carro azul, que, pela fumaça que saía do motor, aparentava ter sofrido uma pane.

José aproximou-se com nervosismo do carro azul de vidros escuros. Inesperadamente, sem que pudesse esboçar nenhuma reação, sentiu uma quentura invadir seu peito, queimar sua carne. Por um instante e subitamente, José sentiu-se no ar. Quando se deu conta, estava sentado no chão envolto em sangue. Procurou Josival, seu parceiro de ronda, não o viu em lugar nenhum. Acreditava que o amigo também tivesse levado bala e morrido. Sentia que seu braço esquerdo doía, repuxava.

Ficou alguns segundos intermináveis olhando para as mãos ensanguentadas e para o buraco que se abrira em sua farda. Só instantes depois é que começou a sentir dor física de fato. Até então, não sabia identificar aquela sensação de quentura, aqueles cheiros de carne queimada e de pólvora misturados.

Finalmente ouviu o som de uma ambulância e, em seu último momento de vida, sentiu como se o sangue estranhamente estancasse. Já havia uma multidão de curiososno local, mas todos pareciam mais ocupados com Josival e com a curiosidade de saber quem estava dentro do carro azul que com José.

Enquanto era levado para o hospital, era tomado pelo barulho ensurdecedor da sirene ao mesmo tempo em que ia perdendo, aos poucos, os sentidos. Percebeu, além do tiro fatal, pequenas escoriações e ferimentos leves por praticamente todo o corpo. Só as pernas pareciam completamente intactas.

A única circunstância que José não teve tempo de supor era ter sido baleado por uma criança de apenas dez anos que, junto com um amigo um ano mais velho, invadira um condomínio e roubara o carro azul. E José acabava de entrar para as estatísticas, passara a ser mais uma vítima de homicídio para engordar os números da violência em São Paulo, outro pai de família que não voltaria para casa naquele fim de tarde gelado na Vila Andrade. Bianca e Pedrinho, então, nunca mais voltariam a ver seu pai, seu amoroso pai. Nunca mais.

É claro que, voltando à concretude dos fatos, a morte de um menino de apenas dez anos de idade é lamentável, sinal destes tempos de loucura e podridão que estamos vivendo. Muita gente questiona a lisura da ação policial (a polícia do nosso país não é muito bem-vista, sabemos) e se o menino realmente estava portando uma arma de fogo, o que seria bastante incomum para uma criança. No entanto, é preciso refazer a pergunta: se essa criança tão pequena já tinha cometido diversos delitos, se foi capaz de invadir um condomínio, de roubar um carro e de dirigi-lo, por que não poderia estar de posse de uma arma de fogo? Não dar ao policial o benefício da dúvida é, no mínimo, uma falha jornalística grave e cruel. É desconsiderar que ele poderia ser mais um cidadão morto nessa barbárie das ruas e becos da maioria das cidades brasileiras.

Existe uma diferença importante entre estar equivocado em consequência de informações falsas, mal checadas ou inconclusas e entre a pregação, alimentada por notícias unilaterais e que mostram apenas um lado da realidade, a que algumas publicações se dedicam. Uma notícia pode ser verdadeira, mas gerar uma percepção distorcida. Se o menino morto era uma vítima do nosso sistema social caquético, por que o policial (ainda que tenha realizado algum procedimento de forma errada), para muitos, não é? É aí que está a origem das opiniões sectárias. 

Há em voga um discurso hipócrita de que "é preciso saber se colocar no lugar do outro". Só que o outro não é um só, não é só o menino do crime da Vila Andrade. O outro são vários, diversos e inúmeros.

Não é a imprensa que deve dizer se um copo está meio cheio ou meio vazio. A ela, cabe informar o tamanho do copo e a quantidade de água. O fato é o mesmo, mas, para não haver injustiçado, o resultado (bom, ruim, feio, bonito, do mocinho, do vilão etc.) de uma história verdadeiramente jornalística deve vir do senso crítico de quem recebe a informação, e não previamente, de quem a produz.

 

 
< Anterior   Seguinte >

Enquete

Qual é o seu ritmo latino predileto?
 
Newsletter
Receba as novidades da Onda Latina no seu e-mail.
E-mail

Nome

Sobrenome

Cidade


 

Usuários On-line