“poesia/ que desvia da norma/ e não se encarna na história/ divisionária rebelionaria visionária” (Haroldo de Campos)
Sábado e domingo, 26 e 27 de novembro de 2016.
Neste ano, em que lembramos os 60 anos da Poesia Concreta, o Simpósio Haroldo de Campos propõe uma reflexão sobre a poesia de invenção produzida hoje. Tendo como referência de partida as ideias propostas pela poesia concreta, qual a pertinência e o alcance dessas ideias hoje? O construtivismo, que foi fundamental na formulação concretista inicial, continua sendo importante? A tecnologia, tomada como referência das condições materiais da linguagem, é um imperativo para a poesia de invenção? A poesia concreta contribuiu para mudar a concepção da história literária? O que é poesia rebelionária, hoje? Qual o papel rebelionário da tradução? Por que a intervenção no espaço público é importante para esse tipo de poesia? O caráter inconformista da poesia é proporcionalmente relacionado ao lugar marginal que ela ocupa no business da cultura contemporânea? Quais os desafios da invenção poética, hoje?
Inscrições gratuitas.
Período: de 09 a 23 de novembro
Vagas limitadas Inscrições presenciais ou pelo e-mail: crhc@casadasrosas.org.br
Será fornecido certificado de participação (com 75% de presença).
SÁBADO 26 DE NOVEMBRO
10h30
Palestra
Construtivismo e Monstrutivismo
Com Lucio Agra
Farei a apresentação da pesquisa de doutorado em Comunicação e Semiótica na PUC SP, em 1998, que veio a ser publicada em 2010. Da pesquisa ao livro e à minha atual situação, quase vinte anos depois, há uma trajetória em torno do tema que envolve Monstros, Alteridade, marginália, contracultura brasileira e uma chave que me parece ainda válida para compreender o momento cultural em que vivemos.
14h00
Mesa
Poesia e tecnologia
Com Walter Silveira, Lucia Santaella e Rodolfo Mata
Mediação: Tadeu Jungle
A poesia brasileira de invenção adotou, no início dos anos 60, o lema de Maiakóvsky: “Sem forma revolucionária não há arte revolucionária”. Na perseguição desta coerência entre forma e sentido, uma questão fundamental sempre foi a pesquisa das implicações das novas tecnologias na linguagem poética.
15h45 Coffee Break 16h00
Mesa
Poesia e espaço público
Com Lucio Agra, Ricardo Aleixo e Reuben da Rocha
Mediação: Julio Mendonça
O encontro do poético com o público nos espaços modernos da cidade abre espaço para uma ruptura no ritmo acelerado que a vida pode vir a ter. O poema visual, objeto, transitável entra em cena para questionar: qual o lugar da poesia na urbe? Quais as potencialidades das ações poético-artísticas nos espaços públicos? Essa conversa abordará um pouco do papel desafiador da poesia frente ao atropelo do cotidiano.
18h30
Performances
Reuben da Rocha – “o anjo da hipótese”
Lucio Agra – “pelo açougue também se chega a Mondrian"
Ricardo Aleixo – “paupéria revisitada”
DOMINGO 27 DE NOVEMBRO
14h30
Palestra
Non serviam: a perspectiva rebelionária na tradução da tradição
Com Marcelo Tápia
Haroldo de Campos relaciona, a partir do pensamento de Walter Benjamin, o papel do tradutor de poesia ao lema luciferino “non serviam” (“não servirei”), dada a necessidade de enfrentamento criativo, e não servil, da tarefa da transcriação. Tal tarefa envolve, também, a noção de se realizar a “tradução da tradição, reinventando-a”, correspondente ao modo como o ensaísta entende o próprio fazer literário e sua história. A palestra abordará a visão de Haroldo acerca de poesia, tradução e criação, buscando evidenciar sua coerência e importância para escritores, tradutores e estudiosos de literatura.
16h00
Mesa
Poesia, mal-estar e invenção
Com André Vallias, Susanna Busato e Gabriel Kerhart
Mediação: Reynaldo Damazio
Talvez a menos comercial das artes no mundo contemporâneo, a poesia tem sido, pelo menos desde Baudelaire, a arte mais comprometida com a expressão do mal-estar civilizatório moderno. Nesta resistência e inconformidade em meio a um ambiente conservador, há lugar para a invenção poética? O que é poesia de invenção hoje?
17h45 Coffee Break
18h00
Palestra
Palavras na câmera escura (sobre a poesia de Augusto de Campos)
Com Gonzalo Aguilar
A palestra toma como ponto de partida a coincidência (ou não) entre a publicação do poema Un coup de dés, de Mallarmé, e o nascimento do cinema. O modelo vigente até o século XIX se inverte: não será mais tinta sobre papel (tipografia), mas branco sobre negro (câmera escura). Não é exagero dizer que Augusto de Campos é o primeiro poeta da câmera escura. Em sua poesia, página não é mais um suporte contingente e passa a ser o campo de batalha em que os signos afloram e se dissolvem.
20h
Performances
Grupo Riverão – “treva é a matinée da farsália (HC in HO; a cabeça do oswaldo ao modo d farol:)”
Walter Silveira – “busca vida”
André Vallias – “eterno roteiro”
Durante o simpósio, será disponibilizado nas dependências da Casa das Rosas o áudio da entrevista realizada com Haroldo de Campos por Thelma Médici Nóbrega em maio de 2003. Ficará em exibição o vídeo “Anatomia de um ícone”, registro do curso de Gabriel Kerhart realizado em julho de 2016 na casa.
Fonte: Casa das Rosas
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