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Onda Latina

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Escrito por Jamil Alves   
19-Abr-2017

lindeza_-_franklin_valverde.jpgHoje em dia, quase todo mundo é um publicitário em potencial. Não basta ter uma vida vivida: é preciso ter também – e principalmente! – uma vida mostrada e autoeditada.

O hábito da publicidade de si mesmo começa na escola. Algumas décadas atrás, nas últimas folhas dos cadernos, cheios de regras gramaticais e fórmulas matemáticas, havia sempre desenhos, recadinhos ou bilhetinhos, de amor ou de escárnio. Era uma forma de tornar públicos amores e ódios e chamar a atenção para si, já que todo mundo acabava lendo aquilo.   

Também não faltavam aqueles “cadernos de questionário”, que circulavam entre todos os alunos. Eles guardavam, em cada página, uma pergunta e as respostas dadas pelos colegas. Eu me lembro de ter levado para casa vários cadernos de questionários – que em geral pertenciam a meninas.

Esses cadernos eram uma chance sensacional de autopromoção, já que todos os que respondessem depois da gente poderiam ver o que havíamos dito, se já tínhamos beijado fulana, brigado com sicrano ou cabulado a aula de desenho geométrico. E, claro, as respostas eram sempre caprichadas e “pintavam” a nós mesmos do jeito que nós gostaríamos de ser vistos, não do jeito que éramos de fato – uma mentirinha para melhorar a realidade: quem nunca?

Depois de certa fase, nossa veia publicitária vai ganhando outras pulsações. Saímos da infância tentando ostentar brinquedos e objetos de valor, como tablets ou celulares de última geração hoje em dia, e ao entrar na adolescência estamos mais preocupados em exibir marcas de roupas e estilos ousados. O tempo vai modificando características e balangandãs, mas o modus operandi da autopromoção tem sempre a mesma base e os mesmos objetivos: pintar para os outros uma vida cor de rosa, quase sempre bem diferente e distante do nosso dia a dia cinzento.

O grau máximo do exibicionismo – ops, da veia publicitária – é atingido entre a adolescência e o início da vida adulta – embora atualmente muito marmanjo quarentão dedique grande parte do seu tempo a tentar aparentar vinte anos a menos, a mostrar que tem aquele carrão caro, aquele emprego dos sonhos e por aí vai.

As redes sociais e seus simulacros estão aí e não me deixam mentir. Abundam nelas barrigas de tipo tanquinho, peitolas turbinadas e um mar de selfies que não acaba mais – os humanos dos próximos séculos vão achar que era algum tipo de moda mutiladora não ter braços no século XXI?

O curioso disso é que alguém acreditou na mentira que outro alguém contou, que tirar selfie de cima para baixo (ploungée, para usar o galicismo exato) e projetar os lábios para frente emagrece na foto, quando, na verdade, o único efeito que essas ações causam é deixar a pessoa cabeçuda e bicuda.

Nessa mentira que se tornou pós-verdade* coletiva, a publicidade do tipo autopromocional acaba tendo efeito contrário e espantando a freguesia. A pessoa pensa que saiu com cara de Maitê Proença mandando beijo, mas na verdade ficou igual ao ET de Varginha deixando escapar um “uh” de dor porque a pedra no rim se moveu e causou dor lancinante.

Outro aspecto (assustador) desse lado publicitário inato das pessoas são as demonstrações de amor. O amor é uma coisa íntima, mas muita gente tem necessidade de torná-lo público. Exibir o par e falar do quanto o relacionamento vai bem é uma espécie de troféu contra a solidão.  Não, claro que eu não sou contra manifestações de amor e carinho. O que me incomoda na exposição do amor é saber que a foto ou aquele textinho romântico que foi publicado ali ou acolá muitas vezes não corresponde à realidade – amiúde nem tão bonita, nem tão doce, nem tão sublime, nem...

A criatividade dos publicitários do cotidiano autopromovido me espanta um bocado, eu confesso. Ver tanta tolice me estarrece, tanto desinformado discutindo política sem saber sequer o que faz um deputado ou um senador, tanto sem-noção tirando foto até das axilas, tanta gente vazia atribuindo pretensos ares de importância às suas ninharias cotidianas. O feio virou bonito e, o tosco, erudito. São os “véus de Maia” **; invisíveis, cotidianos.

Antes, já não importava o que somos: a busca pelo “verdadeiro eu” já havia caído em desuso há décadas. Depois, num passado não tão distante, “o ter” passou a merecer mais importância que “o ser”. E hoje, mais que ter ou ser, o que importa mesmo não é o que se é nem o que se tem: importante mesmo é o que se aparenta –  autopublicitariamente.

* Pós-verdade é uma circunstância ou contexto, geralmente de ordem cultural ou política, no qual a opinião pública comporta-se baseada mais em apelos emocionais falaciosos e na afirmação de convicções pessoais do que em fatos objetivamente observáveis.

** “Véu de Maya” é um termo filosófico que tem vários significados: em geral, refere-se ao conceito da ilusão que constituiria a natureza do universo. Maya, na mitologia hindu, é a dançarina que vai tirando seus véus à medida que dança e os arremessa para os espectadores, que resultam totalmente cegos ao final da apresentação. Os véus de Maya representam, metaforicamente, as mentiras, as ilusões e as percepções equivocadas que nós humanos temos da realidade. Ao longo da vida, vamos sendo entorpecidos, “cegados” por nossos “véus”: nossos traumas, decepções, expectativas etc.       
Atualizado em ( 19-Abr-2017 )
 
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