A arte da paquera |
Escrito por Jamil Alves | |
06-Jun-2018 | |
Hoje em dia, paquerar olho no olho é uma arte em desuso. Embora “paquerar olho no olho” possa parecer construção com pleonasmo, há outro tipo de paquera muito em voga atualmente: a paquera online – na qual não se valoriza o olho no olho, mas sim o “aquilo naquilo” sem blablablá nem preliminares.
Paquerar assim exige certo grau de maturidade que muitos jovens, hoje em dia, não têm. A geração Y, também chamada pejorativamente de geração mimimi, é composta por uma meninada superprotegida pelos pais, umas coisicas frágeis, uns cristaizinhos fuleiros que racham com qualquer berro, que nem precisa ser tão agudo. Tenho um amigo de longa data, um pouco mais velho que eu, que usa diversos aplicativos para a caça contemporânea: “Ai, Jamil, se liga. Se eu não usar nenhum aplicativo nem nada online para arrumar namoro ou sexo atualmente, eu viro uma ‘gaynossaura’” – e Saulo me fala, com certo “encantamento frio”, das maravilhas e da praticidade dos aplicativos: “você diz o que curte, coloca a sua descrição, suas medidas, alguma foto e plim, alguém te chama e rola um sexo”. Na paquera à moda antiga, sem apetrechos tecnológicos, saber ouvir um não era a lição número 1 a ser aprendida. Mas agora um nãozinho inocente pode provocar grandes abalos na autoestima da galera, um não qualquer pode produzir crises existenciais regadas a fartas doses de ritalina e sessões de análise. “Como assim ele não gosta de mim? Que absurdo!”. “Quem essa mina pensa que é para me dispensar?”.
No entanto, precisamos dar a mão à palmatória quanto ao fato de que, independentemente da geração, nós humanos somos seres bastante contraditórios. Tanto aplicativo, sala de bate-papo e um sem-fim de possibilidades de arrumar alguém para casar ou para um sexo casual, e muita gente ainda se preocupa com o que vão pensar dela. Por que as mulheres, em geral, ainda acham que ir para a cama no primeiro encontro é roubada? Se ele não ligar no dia seguinte ou achá-la uma vadia, quem se importa? O que você, amiguinha, estaria perdendo em não dar continuidade à relação com um cara que tem a cabeça ainda lá no passado, que divide “as mina” em “pracasá” e “prapegá”?
|
|
Atualizado em ( 06-Jun-2018 ) |
< Anterior | Seguinte > |
---|
Início |
Nossa Onda |
Música Latina |
Colunistas |
ETC |
Comes & bebes |
Sons & Shows |
Telas & Palcos |
Letras e livros |
Última página |
Contato |