Festinha de criança |
Escrito por Jamil Alves | |
02-Ago-2018 | |
A gente reconhece quem teve uma festa de criança em casa no dia anterior. Alguma coisa no rosto. A expressão de quem chegou à terrível conclusão de que o fôlego já não é mais de atleta.
No trabalho, alguém nos diz:
— “Nossa, que respiração ofegante você tem!”
— “Nem me fale, foi de tanto encher balão!”
No dia seguinte ao da festinha, papais atirados num sofá, cada um para um lado, semiconscientes. A festinha durou bastante, começou à tarde e tomou boa parte da noite. A alegria esteve por todos os lugares, encheu os salões, e nem o cansaço foi capaz de estragar o prazer de ver nos olhinhos de Miguel sua felicidade. A certa altura, bate uma vontade de mandar a criançada brincar na rua, bem à moda de outros tempos. Mas a cidade e os muros dos condomínios não combinam mais com isso, essa liberdade toda. Isso é coisa das crianças de antigamente.
Lá pelas tantas, o cansaço pode ser mitigado com uma boa cervejinha, mas eu sou mais do vinho. Mas, para chegar à adega, vamos pisando os embrulhos de doces, os copinhos plásticos, os balões estourados que cobrem o chão. Dá vontade de desistir, porém a vontade de molhar a garganta é mais forte e apelativa.
Miguel, João Pedro, Mateus, Davi, Helena, Laras, Lauras, Murilo, Mariana, Noah, Barbara, Pedro, Lucca, Arthur, Leonardo, Caio, Rafael: farra com os amigos, da escola ou da família. Alegria pueril, felicidade que não tem preço!
Crianças são assim, não precisam de muita coisa para serem felizes: uma historinha que a titia conta, uma festinha de aniversário, uma joaninha que apareceu na varanda, uma pipa voando no céu, um chocolate... (ai, a boca toda lambuzada de chocolate na infância...).
Depois a gente cresce, tudo fica mais complicado: vêm a batalha do dia a dia, a cobrança no trabalho, metas que parecem tão difíceis de alcançar, sonhos de consumo que nem sempre se concretizam. É um sufoco, a gente mal consegue parar para pensar se a gente precisa realmente desse tanto de coisas atrás das quais corremos. É preciso propor com muita frequência um viva às crianças, esses seres maravilhosos que alegram a nossa vida. Um viva a elas todas e às lições que elas oferecem a todos aqueles que têm o coração aberto para a alegria da inocência, para a doçura das perguntas desconcertantes de quem só quer brincar, e não tanta resposta.
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Atualizado em ( 02-Ago-2018 ) |
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