Tudo nos trilhos |
Escrito por Jamil Alves | |
26-Set-2018 | |
Em tempos de gasolina cara e de estacionamentos a preços exorbitantes, a busca pelo transporte público aumenta, e mesmo quem tem carro pode, eventualmente, usar o transporte público da cidade. No mundo civilizado, as pessoas andam sobre trilhos, metrô e trem são as grandes vedetes da locomoção. O metrô põe o passageiro praticamente dentro de shoppings, museus, cinemas e parques sem grandes transtornos. Seja em São Paulo, Paris ou Pequim, andar pelos subterrâneos da cidade é o que há de bom, uma mão na roda. Uma pena que em São Paulo as malhas ferroviária e metroviária sejam tão pequenas e insuficientes para o tamanho gigantesco da cidade e que andem quase sempre abarrotadas. Nem Poliana conseguiria achar o lado positivo de estar na Estação Sé num dia útil às seis da tarde tentando pegar o metrô com destino à Corinthians-Itaquera, a estação final do metrô na Zona Leste da cidade.
Tampouco pode haver Poliana que resista ao desafio de andar nos túneis que ligam por baixo da terra as estações Consolação e Paulista, sempre lotados a qualquer hora do dia. O fato de a estação Consolação ficar na Avenida Paulista e a Estação Paulista ficar na rua da Consolação representa uma peculiaridade à parte: devem ter feito isso para sacanear turistas e forasteiros, só pode.
Mas, apesar de tudo, é muito bom cruzar São Paulo de metrô – pelo menos nos horários de menor movimento. Você pode acordar na Chácara Klabin e almoçar no Sumaré, ir a um teatro no centro ou tomar uma cerveja naquele barzinho da moda nos confins da Zona Sul. Dá para sair do Tucuruvi e ir pegar um ônibus para o interior no terminal rodoviário da Barra Funda.
Se for de trem, dá para dar uma badalada nos novos bares e restaurantes da Rua Borges de Figueiredo descendo na Juventus-Mooca, inaugurada em 1898 (isso mesmo, no século XIX!), da linha turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que está conectada aos metrôs Brás e Tamanduateí.
Claro que poderíamos e deveríamos ter mais linhas e estações de trem e de metrô, porém tudo vai muito lento quando tocamos nesse assunto. A prometida linha laranja, que ligará o centro à Brasilândia, ainda está no papel, assim como o prolongamento da linha verde para além da Vila Prudente, que está só na promessa. Até agora, só houve desapropriações, e áreas abandonadas na Água Rasa e na Vila Carrão, por exemplo, acabaram virando pontos degradados da cidade, com entulho, tapumes pichados, aumento no número de assaltos nos arredores e de usuários de drogas.
O governo alega falta de verbas para agilizar as obras, desculpa difícil de engolir. Além disso, é só acompanhar o noticiário para saber que quase todas as grandes construtoras do país estão envolvidas em falcatruas até o pescoço. Você googla “construtoras na Lava-jato” e já vem uma enxurrada de nomes.
Mas o mais triste mesmo é a constatação de que, para muitos brasileiros, transporte público é visto como coisa de pobre, não dá likes em redes sociais nem nada. Em Sampa, o negócio é andar de carro, isso sim que é chique, mesmo que polua e engarrafe a cidade.
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Atualizado em ( 26-Set-2018 ) |
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