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Alejandro Zambra e o seu Formas de voltar para casa PDF Imprimir E-mail
Escrito por Umba Hum   
31-Jul-2020

formas_de_voltar_para_casa_-_divulgacao.jpgNa década de 1960 e pouco após, a literatura latino-americana passou por um momento de enorme projeção no que ficou conhecido como um boom dos escritores do continente. Do México a Argentina e ao Chile, diversos escritores se projetaram, foram lidos e discutidos (Assim como, e esse um dado secundário, estimularam adaptações literárias para o cinema). Enfim, a se pensar a divulgação e a exposição na mídia, portanto certo aspecto do mercado de livros, alguns literatos de língua espanhola nas Américas viraram “celebridades”. Com seus nomes e lançamentos ocupando páginas de grandes jornais mundo afora, e com premiações destacadas como o Nobel: Neruda, García Márquez...

 

Esse momento de euforia literária também foi importante porque serviu para lançar luz sobre a literatura passada, que de algum modo estabeleceu balizas, traçou linhas que impulsionou ou deu referência para a geração dos 1960. Grandes escritores em qualquer expressão literária não se fazem do nada, como se fossem uma geração espontânea. Para ficar na metáfora da biologia, a literatura se explica, se entende, a partir de uma “linha evolutiva”. Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, para ficarmos com argentinos de grande projeção no boom literário, tiveram atrás de si Macedonio Fernández ou Leopoldo Lugones. Podíamos pegar exemplos similares entre os chilenos, os mexicanos ou os cubanos.

Mas, passado o instante de euforia midiática, quando grandes escritores de expressão espanhola nas Américas tornaram-se celebridades, a inevitável questão da renovação se coloca. E pode-se afirmar que principalmente argentinos e chilenos mantiveram um alto padrão de produção literária, com grandes novos escritores na sequência do boom dos 60. Nas duas décadas mais recentes, provavelmente nenhum escritor latino-americano teve a projeção do chileno Roberto Bolaño, cujos livros podem ser encontrados em banca de jornal na Mooca. Por isso, do Chile, minha curiosidade com Alejandro Zambra, um escritor nascido em 1975, que tem seu nome em evidência porque em 2010 figurou na lista dos Melhores Escritores Jovens em Espanhol da revista britânica Granta.

Corri, então, para ler Formas de voltar para casa, livro de 2011, agora traduzido para o português e publicado pela Editora Planeta do Brasil. Trata-se de uma narrativa curta, 151 páginas, e que por assunto o Chile em 1985, por ocasião de um terremoto no momento em que o General Pinochet estava no poder. Anos depois, os eventos são contados por um escritor, que escreve seu novo romance e descreve seu estado de espírito enquanto escreve, suas dúvidas, impasses, incertezas. Trata-se, percebe-se, de um exercício de estilo. Um escritor, suas memórias, seus relacionamentos íntimos e familiares e a escrita. Um exercício, certo, sem novidade, e que de algum modo está fortemente presente na literatura nos últimos anos: um indisfarsável hibridismo entre o relato pessoal e a ficção. Zambra não deixa dúvida ao leitor que o escritor narrador de Formas de voltar para casa pode ser ele próprio ficcionalizado. Ou, se se quiser outro ponto de vista. Caso ele enganar o leitor com um relato que não é pessoal, então o livro passa a ser tão somente uma brincadeira literária; um tanto tola, pois desde Flaubert, citado no livro, esse jogo é jogado. A esse respeito, portanto, Zambra não traria novidade.

Mas se o leitor fizer vista grossa para o exercício de estilo, há o tema do livro, as memórias do terremoto em um momento em que o Chile vivia sob a ditadura. E aqui há um dado que chama a atenção, e a relação entre relato pessoal e ficção ganha contornos. Os subterrâneos da ditadura chilena, tanto quanto a da brasileira, com o clima de desconfiança entre as pessoas, delações, torturas e movimentos clandestinos de grupos de resistência, era ignorado de parte da população que não necessariamente defendesse o regime. Essa a condição do escritor narrador, aos dez anos, e de sua família. Notam que pessoas próximas desaparecem, que palavras como “comunismo” são proibidas, mas não têm qualquer envolvimento político e se mantêm assim em seus cotidianos. O dado é que o narrador escritor, adulto, pois, deixa a impressão de que o passado se confina ao mundo interior da criança e não se articula, no plano político, com sua visão de mundo. Ele menciona a eleição de Sebastián Piñera e a força da direta do Chile passados os anos Pinochet. Contudo ele parece manter, adulto, atmosfera de alheamento, ou alienação, dos anos de infância. Adulto, de fato, de modo narcísico, o narrador escritor se mostra mais preocupado com sua carreira literária.

Nesse ponto, é oportuno votar ao jogo relato pessoal e ficção. Afastando-se do relato pessoal, Zambra bem pode ter em mira um, ou alguns escritores chilenos atuais para os quais convém manter uma zona de alheamento sobre o passado. Para isso, de qualquer forma, eu precisaria conhecer melhor o meio cultural chileno, os traumas e denegações de uma geração posterior à ditadura, que a mantem numa zona nebulosa. E sendo assim, no caso brasileiro, é o que se nota em Michel Laub, da mesma geração de Zambra, também listado na Granta, e que escreve com memórias de um momento em que seu universo intimista se sobrepõe à ditadura militar no Brasil. Contudo, não sendo esse o caso, como o narrador escritor de Formas de voltar para casa, Zambra se preocupa antes com sua carreira, ser bem-sucedido do mundo literário, do que com uma obra que poderia nos trazer algo de relevante sobre os terríveis anos de ditadura para seu povo.

Sob esse aspecto narcísico da criação literária, para mim, a enorme desproporção entre ele e Bolãno, de uma geração imediatamente anterior, com que fui surpreendido pelo vigor e profundidade com que se atém e se posiciona sobre o Chile. Por isso, embora não seja um livro que eu desestimule a leitura, Formas de voltar para casa não é me fascina. Talvez me equivoque nessa apreciação. Então fica para o leitor e admirador de Zambra me julgar.

 
Atualizado em ( 31-Jul-2020 )
 
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