Me preocupa o que está acontecendo neste momento na preparação da eleição para um terço do Conselho Deliberativo e da Diretoria da Associação Brasileira de Imprensa, em abril próximo. As forças dos jornalistas que se rebelaram contra o imobilismo da direção anterior – responsável pelo apagão da entidade num dos períodos mais críticos da curta história da democracia brasileira – estão praticamente rachadas e correndo o risco iminente de resultar em duas chapas, para a alegria do obscurantismo que grassa em nosso país.

Não há razão, por mais que se queira torcer a imaginação e o pensamento, para que ocorra algo dessa natureza na atual conjuntura política brasileira. É uma sandice que precisa ser parada. Em nome da democracia, em nome de uma trajetória secular de lutas pelas liberdade e pela democracia e em nome de um futuro democrático que a Nação brasileira necessita, é preciso parar, refletir e conversar.

Ouço que as articulações estão em andamento para a formação das chapas. Repito: é uma sandice que não pode continuar. Tem até pré-candidato a presidente já em campanha, falando com associados eleitores. Será que tais futuros eleitores não serão capazes de chamar as pessoas à razão?

As forças ora reunidas estão, de um lado, em torno de parte da atual diretoria. De outro, são vários associados que fizeram a campanha vitoriosa de 2019, muitos deles hoje integrantes do Conselho Deliberativo. É preciso haver um entendimento. Quem vai se beneficiar de um racha entre os que retomaram e deram dinamismo à entidade após 2019 é o grupo de “jornalistas” sempre à espreita para enterrar ainda mais as tradições e o futuro do jornalismo brasileiro. E, mais amplamente, os cavaleiros do apocalipse que estão no poder no país, neste momento, seus financiadores e claques de apoio.

Fred Ghedini foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e é o atual presidente da Associação Profissão Jornalista.