Ivan Lins é um dos cantores e compositores brasileiros mais respeitados no Exterior. Isso se deve muito à qualidade melódica de suas canções e à roupagem contemporânea que sempre dá à música brasileira. Podemos considerá-lo o músico dos músicos, tal a admiração que nutrem por ele inúmeros artistas brasileiros e estrangeiros. Recentemente, lançou o CD Íntimo (Som Livre), disco que comemora os seus 40 anos de carreira, reunindo em suas 14 faixas cantores como o uruguaio Jorge Drexler, o espanhol Alejandro Sanz e a holandesa Laura Fygi. Além disso, o disco também retoma a parceria com Vitor Martins. Duas das canções de Íntimo fizeram parte trilha sonora da novela Passione, que acabou de ser exibida na Rede Globo. Confira a entrevista de Ivan Lins feita com exclusividade para a Onda Latina.
1– Como tem sido a experiência de realizar shows ao lado de seu filho Claudio Lins?
Ivan Lins – Maravilhosa. O Claudio é muito talentoso, bom de palco. A gente se diverte e isso é o mais gostoso.
2- Você considera o Claudio também como o seu herdeiro musical?
Ivan Lins – Não sei responder a isso direito, mas o Claudio tem a carreira dele de ator muito bem encaminhada. Ele se divide entre música e teatro. Portanto, acho que ele vai seguir – e já segue – um caminho um pouco diferente, mas talento ele tem. Musicalmente, o Cláudio tem influência minha, do Lenine, de outros roqueiros dessa época, mas ele desenvolveu uma musicalidade muito particular. Ele é ótimo em tudo o que faz, escreve muito bem também.
3- Você, junto com o Vitor Martins, foi um dos donos da Velas, uma gravadora que marcou os anos 80 e 90 do século passado. Em sua opinião, qual foi a melhor contribuição da Velas?
Ivan Lins – Ter sido a pioneira das gravadoras totalmente independentes. Depois da Velas, nasceram a Biscoito Fino, a Trama, a Indie e várias outras menores. Na época demos visibilidade para artistas que não tinham chance nas gravadoras e as rádios ignoraram. Eram o Lenine e o Chico César, por exemplo. A Velas colocou os dois no mercado e hoje eles são o que são. Depois lançamos a Zizi Possi, que já tinha produzido um disco espetacular na Eldorado, mas que precisava de um segundo para consolidar de vez a carreira. Demos a ela esse aval. Ela estourou de vez e esta aí até hoje. A Velas teve esse compromisso.
4- Como anda a sua parceria com o Vitor Martins?
Ivan Lins – Depois de nove anos parada, recomeçou, graças a Deus. O Vitor é meu auto ego que escreve, é um cara que tem o maior respeito pelo que falo, pelo que sou. Tem muito cuidado com as palavras que põe na minha boca para que eu não minta, não erre ou fale coisas que eu não acredite. Talvez ele seja um dos letristas mais importantes e mais generosos que eu já vi na minha vida. Um talento literário. Uma parceria longa, quase como um pacto de lealdade.
5- Você compôs “Sou eu” e “Renata Maria” com Chico Buarque. Vem por aí alguma outra parceira com o Chico?
Ivan Lins – No momento não. “Sou Eu” está nesse meu último CD, o Íntimo. Foi um samba que eu mandei para o Chico junto com “Renata Maria”. Tenho essa coisa meio camaleônica, de geminiano, de compor como se estivesse retomando o que eles pararam de fazer. Tenho as gilbertianas, as caetanicas, as joãobosquianas. Essa é uma buarquiana 2.
6- A obra de Ivan Lins é muito respeitada e admirada por muitos artistas latino-americanos. Como é a sua relação com a música latina?
Ivan Lins – Muito boa, mas não muito intensa… ainda.Vai melhorar no futuro, espero eu.
7- O disco Ivan Lins, Chucho Valdés e Irakere: ao Vivo, gravado ao vivo em Cuba, teve uma boa recepção na ilha, tendo sido inclusive premiado. O que representou para você a gravação desse disco?
Ivan Lins – Poder compartilhar com os maravilhosos músicos cubanos a minha música foi sensacional. Hoje sou muito querido em Cuba. Me sinto feliz por isso, pois adoro e respeito a musica cubana e o povo cubano.
8- Como está a sua carreira no Exterior? Tem feito muitos shows fora do Brasil?
Ivan Lins – Está bem. Já esteve melhor, mas diante da crise internacional muita coisa mudou. Espero que passe logo e eu volte a fazer mais shows por esse mundo afora, cantando meu lindo país.
9- Todo artista tem uma música, um sucesso, que o acompanha a vida toda. Você tem várias como “Madalena”, “Somos Todos Iguais Nesta Noite”, “Abre Alas”, “Começar de novo”… Qual foi a música que mais marcou seu percurso artístico?
Ivan Lins – Difícil dizer, mas vou arriscar duas: “Madalena”, pois foi a que me lançou e estourou, ficou imortalizada na voz de Elis Regina; e “Começar de novo”, que se tornou um de meus maiores sucessos na interpretação da Simone e hoje é minha música mais gravada no Exterior. A Jane Monheit gravou “Começar de Novo” no disco dela com orquestra, cantando em português. Essas duas músicas abriram muitas portas para mim.
10- O que os fãs de Ivan Lins podem esperar para 2011?
Ivan Lins – Disco novo, muita musica nova, projetos interessantes, até surpreendentes (mas não posso contar).
Foto/divulgação: FJornalismo/ Luciano Pereira, feitas no Capim Santo.