buena_vista_social_club_disco.jpgCuba não exporta só rum, charutos e açúcar. A sua música popular também é um forte componente da balança comercial. Isso desde a década de quarenta com a orquestra de Pérez Prado, seguida por Benny Moré, Bola de Nieve e outros. Mesmo depois da Revolução de Fidel Castro e Che Guevara a música continuou em alta com a Nova Trova de Pablo Milanés e Silvio Rodríguez e, mais recentemente, com o jazz latino do Paquito D`Rivera, Arturo Sandoval, Chucho Valdés e o seu Irakere.

 

Atualmente a bola cubana da vez, ou melhor, o acorde da vez é a Buena Vista Social Club, uma banda que se apresentou no último Heineken Concerts, encantando o público brasileiro com a sua performance. O seu sucesso não se restringe somente a ilha. Na conta bancária do grupo já foi creditada uma vendagem de dois milhões de discos em todo o mundo. A contagiante música do Buena Vista Social Club também inspirou o cineasta alemão Wim Wenders a dirigir um documentário, que leva o nome da banda. Recentemente esse filme foi exibido em São Paulo no festival  “É Tudo Verdade”, despertando um entusiasmo semelhante ao que havia acontecido no Heineken Concerts.

Para não ser só mais uma onda que vem, invade a nossa praia e se desmancha na areia, a gravadora Warner lançou um pacote cubano contendo os CDs “Tíbiri Tábara” com Sierra Maestra,  “A Toda Cuba le Gusta” do Afro-Cuban All Stars, “Introducing…” de Rubén González e “Lo Mejor de la Vida” de Compay Segundo, além da própria “Buena Vida Social Club”. Os cinco belos discos resgatam o dançante son, um dos mais tradicionais e populares ritmos cubanos. Para os ouvidos brasileiros podemos traduzir o son como salsa, pois como explica Juan de Marcos González, um dos líderes do Buena Vista,  “a salsa é na verdade 90% de son cubano e mais 10% de outros ritmos do Caribe”. Essa opinião também já foi avalizada por Celia Cruz, que é considerada nos Estados Unidos a “Rainha da Salsa”.

Dentro do pacote da Warner também merece destaque o CD do Compay Segundo, que recebeu o sugestivo nome de “Lo Mejor de la Vida”. Aos 91 anos ainda é um dos mais ativos representantes da velha guarda musical cubana. Enquanto muitos dos seu companheiros de juventude já são história, seja pela aposentadoria ou pela morte, Compay segue dando aulas de como manter viva a tradição musical de Cuba. Quando perguntado pelo futuro, não deixa por menos e responde com bom humor: “chegar até os 115 anos como minha avó”. Será a música cubana uma das fontes da juventude?

 

Texto publicado originalmente em 1999 (PM-Ano 2 – Nº 7).