Meu primeiro voto para deputado federal, em plena ditadura, foi para Audálio Dantas. Votei em um jornalista sério e lutador, um eterno defensor da democracia. Isso era 1978. Eu era um jovem que tinha acabado de terminar o ensino médio e que queria também ser jornalista. Posso dizer que Audálio honrou plenamente o meu voto, além ser um dos melhores exemplos que tive como profissional que fazia do jornalismo – além de profissão – um ato de militância.
Alguns anos depois, já formado e na diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, acabei conhecendo pessoalmente esse que foi um dos melhores presidentes que o nosso Sindicato já teve, em um período dificílimo para a História do Brasil. Audálio Dantas foi um dos responsáveis em desmontar a mentira do suicídio do jornalista Vladimir Herzog, brutalmente assassinado pela ditadura militar.
Depois, quando estava pesquisando para o meu doutorado, no início dos anos 2000, cujo tema era o estágio profissional em Jornalismo, ele colaborou dando uma entrevista esclarecedora sobre a situação dos estagiários, nos anos sessenta e setenta, dentro das redações brasileiras. Eu considerava o Audálio um amigo mais velho, sempre afável e extremamente bondoso, pronto para dar uma palavra de incentivo para os mais novos. Quando o encontrava nos eventos políticos do Sindicato, não perdia a oportunidade de trocar algumas palavras com ele, pois eram repletas de muita sabedoria. Sempre me chamava de professor, quando, na verdade, ele que era um dos meus mestres. Infelizmente, isso não acontecerá mais.
Hoje o destino colocou um ponto final na grande reportagem que foi a sua vida. Audálio Dantas, você fará falta para todos nós. Fica aqui o nosso adeus.