estategia_e_tatica_-_divulgacao.jpgQuando estava no movimento estudantil tomei contato, por meio de um grande companheiro, com um texto da Marta Harnecker (sim aquela, do famoso “Estratégia e Tática”) que me marcou muito. Ela falava da ideia da “vanguarda compartilhada”, que foi uma experiência organizativa utilizada pelos sandinistas na Nicarágua e que ajustava entre divergências de programa e organização uma possibilidade de atuação unitária entre setores os mais diversos possíveis da esquerda. Quando li, serviu para aplacar alguns desânimos e frustrações que eu tinha com a incapacidade de unidade da esquerda em muitos momentos.

 

Recentemente, com o debate sobre a unidade da esquerda para a disputa da prefeitura no Rio de Janeiro, me veio à memória esse texto. Difícil traduzir de forma exata o que funcionou naquela época para os tempos atuais. A organização política possível também é fruto de seu tempo.

 

Mas, trocando em miúdos, tem coisas que valem a pena serem ditas para o momento atual. A unidade da esquerda, em âmbito eleitoral é urgente e necessária, ainda assim, os impasses que ela encontra de dois em dois anos são resolvidos de melhor maneira quando pensados do ponto de vista estratégico e a longo prazo. Não que eu não concorde com o Freixo e sua decisão de retirar a candidatura e tentar insistir em uma unidade do campo progressista para as eleições no Rio. Ele foi muito bem e responsável. Agora, não é à toa que sempre que se pensa em unidade em período eleitoral, a unidade vira a exceção e não a regra. São raras as atuações de unidade dos Partidos do campo progressista que não pautadas pela agenda negativa de defesa contra retrocessos sociais, principalmente nas frentes parlamentares. É necessário estimular atuações dos Partidos e movimentos sociais na luta social que aconteçam na positiva, com pauta propositiva, indicando horizontes. A luta social não se dissocia da institucional e isso tornaria as unidades eleitorais mais orgânicas e menos expostas às vaidades que as inviabilizam.

 

No texto, Marta mostra como alguns acordos políticos mínimos entre as forças potencializava a diversidade entre elas, comumente entendida como razão para a manutenção da fragmentação. Acho que para o futuro seria saudável pensar assim. Porque o pior governo da história recente do país e a destruição completa de tudo não se mostram suficientes para alternativas eleitorais amplas.