mig_-_jamil_alves.jpgDezembro de 2017: o último mês do ano sempre me atordoa um pouco. O ano está chegando ao fim e parece que o tempo, mais uma vez, escorreu pelo vão dos dedos.

 

Eu sou daqueles que não gostam de fazer listinhas de desejos ou metas para o próximo ano – quem tem tempo para tanta organização quando se tem filho pequeno? Mesmo assim, é inevitável não fazer um balanço, não olhar para os últimos onze meses e pouco e tentar extrair deles alguma lição.

 

Neste ano de 2017, a grande novidade foi a ida do Miguel à escola. Bermuda, mochilinha nas costas, sorriso nos lábios. De certa forma, voltei a ser criança também, junto com ele. Arrumar a lancheira passou a ser, para mim, o momento mais sublime da rotina.

 

2017 foi mais um ano difícil, arrastado, mas também de muitos sorrisos e momentos bons para recordar. O Miguel, meu menino, meu filho amado e eterno bebê, vai se desenvolvendo, aprendendo, levando sua vida de forma pueril e bonita, como deveria ser o destino de toda criança.

 

O Miguel de dezembro não é mais o mesmo menino que entrou na escola em fevereiro. Está mais independente, (ainda mais) falante, articulado. E eu, por minha parte, estou adorando me despir dos títulos pomposos, dos nomes complexos e das formalidades: o título mais leve e prazeroso de todos é o de “pai do Miguel”.

 

Por conta da escola, foi o que acabou acontecendo, tornei-me um adulto despersonalizado: deixei de ser o Jamil, o Jamil Alves, o jornalista Jamil Alves, o professor Jamil e até mesmo o “prófi” do vocativo carinhoso de alguns alunos e passei a ser o pai do Miguel. Simplesmente e apenas isso, pai do Miguel.

 

Também acabei aprendendo rapidinho a despersonalizar os outros adultos. Os amiguinhos do Miguel, estes sim, têm nomes que circulam com frequência nas conversas em casa, nas novidades que Miguel traz da escola. No entanto, seus familiares, não: é o pai da Olívia, a avó do João Pedro, a mãe do Mateus, o tio do Caio.

 

Por falar em tio, em 2017 aprendi que “tia” não é só o substantivo que designa a irmã do pai ou a irmã da mãe: “tia” é um tipo de título de nobreza ou um indicativo de alto grau numa hierarquia. É conceito honroso e cheio de carinho. Afinal, quem dedica aos nossos filhos seu tempo, seu amor e sua paciência merece todas as glórias, todos os louros e agradecimentos. Tia Rita e Tia Lu que o digam!