chico_pedro.jpgQuem assiste aos shows do grupo Raíces de América tem a sua atenção despertada por um músico baixinho, cheio de energia e esbanjando simpatia, sempre revezando seus sopros entre as quenas, as zampoñas, as tarkas e as flautas transversais. Pedro é chileno e chegou ao Brasil no início dos anos 80 do século passado e no final da mesma década passou a integrar o Raíces de América até os dias de hoje. Chico Pedro, além de músico, também tem um lado de luthier, fabricando os seus próprios instrumentos, e outro de artista plástico, desenvolvendo ilustrações inspiradas na cultura da América Latina, que utilizam como suporte peças do vestuário. Confira o nosso bate-papo com Chico Pedro.

 

1-O que fez você trocar o Chile pelo Brasil?

Chico Pedro – O Chile vivia uma situação conturbada politicamente, uma ditadura violenta que não deixava ninguém trabalhar livremente, principalmente na minha área, que é a música. Pensei em deixar o país sem saber para onde ir, logo escolhi o Brasil porque era relativamente perto e era um país continental, sempre pensando em um projeto musical.

 

2-Como foi a sua entrada no Raíces de América?

Chico Pedro – Eu estava tocando num bar à noite e havia um integrante do grupo Raíces de América assistindo o show. No intervalo fui dar uma de tiete. Ele falou que tinha gostado da minha música, que eu tocava bem, enfim, disse que ia me ajudar. Trocamos números de telefone, mas eu pensei “Isso é conversa de bar, ele não vai ligar nunca”. Para minha alegria um dia ele me ligou convidando para conhecer a turma toda. Depois disso, já estava próximo e amigo de todos. Quando o grupo voltava da segunda viagem à Europa, recebi o convite para integrar a banda. Isso faz mais ou menos 25 anos.

 

3-Você é um luthier, construindo muito dos instrumentos que utiliza. No que isso melhora a sua arte?

Chico Pedro – Não me considero um luthier, se bem que meus instrumentos são bons e afinados. Quando você constrói instrumentos a sua arte pode melhorar certamente, pois tem a possibilidade de buscar outros timbres, modificar o tom e até mesmo melhorar um instrumento rudimentar ou indígena, deixando-o adequado até para tocar com uma sinfônica, por que não?

 

4-Você também elabora instrumentos para outros colegas músicos?

Chico Pedro – Não. Em princípio só para mim, mas se algum músico se encantar com algum dos instrumentos, posso fazer sem problemas.

 

5-Além de participar do Raíces de América, você desenvolve outros trabalhos musicais?

Chico Pedro – Sim tenho um trabalho com o grupo Sendero, um quinteto também de música latina mas que aos poucos vai caminhando para deixar o seu som com sotaque brasileiro, utilizando muita percussão – que é típica do Brasil – misturada às quenas, às zampoñas e aos charangos. Esse é um trabalho que está muito legal.

 

6-Você também realiza um trabalho na área da moda, personalizando t-shirts. Podemos dizer que está nascendo um novo estilista?

Chico Pedro – Essa pergunta é muito legal. Estou num momento de dar continuidade a um trabalho que fiz há algum tempo, estampando camisetas com desenhos latino-americanos e das culturas inca e asteca. Com o tempo pretendo levar essas estampas também para outras peças de roupa como calças e vestidos, tudo bem personalizado e sempre prestigiando a nossa cultura; mas muito longe de estar nascendo um novo estilista.

 

7-Você também desenvolve outros trabalhos na área das artes plásticas?

Chico Pedro – Não no momento, mas estou muito interessado em fotografia e em vídeo. Quem sabe, num futuro próximo…

 

8-Segundo a sua opinião, o que há de novo que merece destaque na música do Chile?

Chico Pedro – O Chile, musicalmente falando, tem evoluído muito. Um som que para mim merece um grande destaque no Chile de hoje é uma cantora e compositora que se chama Francesca Ancarola. Ela faz uma música latina com requintes de jazz. Ela é muito boa e única.

 

9-E sobre a música latina em outros países?

Chico Pedro – Vou falar da Argentina, pois estive agora em Buenos Aires. Lá tive a oportunidade de conhecer um grupo maravilhoso que se chama Zamacuco. Eles fazem uma mistura muito bacana de ritmos cubanos, colombianos e do altiplano, com muito batuque, inclusive do Brasil. O som desse grupo me parece algo realmente novo e de muita qualidade.

 

10-Quais são seus novos projetos para este ano?

Chico Pedro – Para este ano quero muito realizar um sonho que vai se chamar “Flauterías”, em que pretendo usar e mostrar ao público todas as flautas que tenho acumulado ao longo do tempo e que não posso utilizar em outros projetos. Tomara que dê certo.

 

 

Curta as indicações do Chico Pedro

 

Francesca Ancarola

Darte Luz:

http://www.youtube.com/watch?v=Fz8chl6EVb8

 

Zamacuco:

El Pio Pio:

http://www.youtube.com/watch?v=1kdy8pAdU60