pele_-_foto_franklin_valverde.jpgLevo Pelé em meu peito há muito tempo… Pelos livros que li, pelos filmes que vi, por tudo que meu pai me mostrou, por cada camisa 10 do Santos que eu tenho. Aprendi desde muito cedo a reverenciar o rei. Santista vira devoto de Pelé cedo, muito cedo… Não posso ver mais de alguns minutos os vídeos que eu vou às lágrimas. Uma beleza, uma plasticidade, uma competência, uma voracidade em fazer gols e dar assistências para gols. Coutinho que o diga… 

Me encanta a forma como Pelé comemorava os gols. Antes mesmo de socar o ar em um salto magistral ele vibra genuína e autenticamente! Pelé era um Deus humano! Lágrimas lindas tingiram seu rosto em 58, abraçados nos craques brasileiros na conquista do mundo.

 

Pelé enfrentou o racismo à sua maneira e em seu tempo. O Santos ganha do Boca em 62 a Libertadores calando uma bombonera que insultava seus atletas negros e, sobretudo, Pelé.

 

Ainda assim, os argentinos, mesmo possuindo seu D10s, reverenciam e respeitam a santidade de Pelé. Basta ver na internet os comentários de Menotti, Maradona, Bilardo, Bottini etc. Ou a presença de Javier Zanetti na homenagem da Conmebol à Pelé na Copa do Mundo, em que lamentavelmente diversos jogadores brasileiros que estavam no Catar não se fizeram presentes.

 

Mas isso é Pelé, acima de tudo. Negro, brasileiro, um mineiro de Três Corações que ganhou milhões de corações.

 

Quando eu era criança eu defendia ele com unhas e dentes e me diziam “viúva do Pelé”, um xingamento rebaixado que toda criança santista ouviu até vencer o campeonato brasileiro de 2002.

 

Hoje eu tenho vontade de voltar no tempo e responder à altura. Porque só mais velho eu fui entender a dimensão do Pelé. Não para o Santos, mas sim para o Brasil, para o futebol, para o esporte, para o mundo.

 

Seguirei defendendo o Rei e sua majestade de todos os julgamentos colonizadores, anacrônicos e injustos que serão feitos.

 

Hoje, mais do que nunca: “Pelé, o mundo aos seus pés”.

 

O céu vai ficar pequeno. Obrigado por tudo, nada será suficiente para retribuir. Te amo, Pelé. Eterno Rei do Futebol que jogou no meu Peixão.

 

Rodrigo Dantas Valverde é santista e advogado.

 

Foto: Pelé – Franklin Valverde