Recentemente, Miguel Reale Jr. interrompeu uma série de colunas assinadas no Estadão em que destilava seu ódio de classe costumeiro e compôs a mesa de um Ato contra a redução da maioridade penal, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP. Ok, a conjuntura está difícil, vista grossa e passa com um pouco de azia.

Hoje, ele volta a assinar sua coluna no Estadão. Na primeira oportunidade após sua participação no Ato contra a redução, em seu espaço nas primeiras páginas do jornal, ele publica texto intitulado “Ato institucional no futebol” para criticar a MP 671 da Presidenta Dilma, que impõe regras e contra-partidas para o refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol nacional. A Medida é uma grande afronta à máfia dirigente que ronda os clubes e as federações de futebol, pois impõe responsabilidade fiscal, trabalhista, um mínimo a ser investido em futebol feminino e de base, além de outras coisas. Fruto da luta do Bom Senso F.C., o texto é um marco no futebol e aponta para uma direção de afastar a ingerência total do Poder Econômico existente hoje no futebol. Não à toa, já conta com a desaprovação de Marco Polo Del Nero, da CBF, e Joseph Blatter, da FIFA.

Em sua crítica à MP, Miguelzinho se recupera de seu suspiro progressista e de sua emoção indignada que subitamente o acometeu e repercute a linha do imperialismo de entidades espúrias como a FIFA. E ainda tem o cinismo de se valer de uma linguagem de cunho repressor como “Ato insitucional” e afronta à constituição, afinal de contas o governo petista é uma ditadura, não é mesmo?

O cinismo não para por aí. Recentemente nosso indignado esteve diretamente envolvido com o golpismo da direita brasileira quando foi o encarregado de dar parecer sobre a tese de impeachment contra a Presidenta Dilma para o senador Aécio Neves.

É. Foi só um suspiro mesmo.