odeio_dinheiro_-_franklin_valverde.jpgMike Barth detesta toda variedade de jogo. Sente profunda ojeriza por aqueles que não conseguem conter a compulsão e veem qualquer ocasião como momento oportuno para ganhar dinheiro fácil em apostas. Mas Mike também é um sujeito que se deixa facilmente seduzir pelas paixões, emoções que lhes são alheias e é um observador atento do comportamento humano nos momentos de grande euforia. Certa manhã, ele notou uma multidão aglomerada para fazer apostas num jogo de loteria e, tomado pela curiosidade, entrou na fila. Não tinha, contudo, qualquer intenção em fazer sua aposta, mas apenas notar como as pessoas se comportam.

Em certo momento, após um bom tempo na fila, um jovem esperto tomou sua frente. “Eu já estava aqui, sai…”. Quem estava na frente não confirmou, os detrás se incomodaram. O jovem insistiu e não foi retirado à força. “Pensei em dizer algo, mas fiquei quieto”, disse Mike para si mesmo. E assim, na mais absoluta casualidade, pois lhe dá asco, fez sua aposta como entraria num fétido banheiro público, esqueceu que concorria a um prêmio e apenas recordava do rapaz que entrara na sua frente. Dias depois, Mike casualmente fica sabendo que havia sido premiado: ele comprou o bilhete que lhe valeu US$319 milhões. Mike riu, lembrou do rapaz esperto e continuo em seu cotidiano. O dinheiro? “Não traz bons augúrios”, voltou a dizer para si mesmo.

Ilustração: Odeio dinheiro – Franklin Valverde